Urgente mudança de paradigmas sobre estacionamentos em Brasília

Urgente mudança de paradigmas sobre estacionamentos em Brasília

O trânsito nos grandes centros urbanos brasileiros piora anualmente. Na mesma proporção, a crescente falta de estacionamentos públicos e privados pagos. Brasília vai na mesma direção, são quase 600 novos veículos emplacados por dia. A cidade sofre com problemas no transporte público em razão de mau planejamento, falta de investimento e constantes greves. Por ser sede do Governo Federal, outro fator recente de impacto no trânsito baseia-se nas frequentes manifestações que fecham avenidas centrais da cidade ou rodovias em bairros periféricos. Manifestações ordeiras e moderadas fazem parte de uma democracia, mas discordo totalmente de interrupções integrais do Eixo Monumental por qualquer categoria profissional ou movimento social em qualquer horário como as que, de forma desagradável, já presenciei.

 

Devo registrar que sou um grande entusiasta do uso da bicicleta. Com frequência, me desloco do prédio onde moro para o prédio onde trabalho (sou síndico de ambos). Pela curta distância, faço o trajeto utilizando roupas sociais e sapato. Incentivo sempre outras pessoas a fazerem o mesmo e a percorrerem curtos trajetos a pé, em que, muitas vezes pela força do hábito, usamos o carro.

 

A mentalidade dos brasilienses está mudando aos poucos. No entanto, ao mesmo tempo que se fazem ciclovias, bicicletários e campanhas educativas, é urgente a mudança de paradigma na utilização de gramados ou áreas abandonadas cobertas basicamente por barro. Esses espaços devem ser convertidos em organizados espaços de estacionamento. Arquitetos e urbanistas conservadores podem ser críticos ferrenhos dessa ideia.

 

Especialmente nas regiões do Setor Sudoeste, SIG, Cruzeiro e Octogonal, que percorro com mais frequência, vejo que áreas de estacionamento podem ser criadas preservando vastos trechos de área verde e árvores e em harmonia com pedestres e ciclistas. Ao leitor, em visita ao Sudoeste ou SIG, sugiro notar a quantidade de novos prédios comerciais. Onde está o estacionamento para os clientes dessas empresas? Não há. Dificilmente os estacionamentos privativos e subterrâneos darão conta da demanda por vagas. E os funcionários das empresas que possuem carros? Na maioria dos empreendimentos, há apenas uma vaga por sala. Carros irão inevitavelmente subir nas calçadas e parar em locais irregulares, e em alguns casos receber desagradáveis multas.  No Centro Clínico Sudoeste, diariamente presencio este problema.

 

Preservação urbanística a parte, vejo que os órgãos do Governo do Distrito Federal que fazem a análise sobre áreas de estacionamento devem ser mais rápidos e flexíveis. Além disso, percebo que os órgãos responsáveis por sua execução estão constantemente trabalhando para este objetivo, gerando importantes empregos diretos e indiretos. O Governo deve ter em mente o desenvolvimento econômico das novas e atuais empresas da cidade. Comodidade para os trabalhadores da iniciativa privada e seus milhares de clientes, que são os responsáveis pelo pagamento dos expressivos impostos pagos no País. Brasília tem uma importante e crescente economia privada que deve receber mais atenção e prestígio.

 

Marcelo Sicoli – é consultor internacional (especialmente segmento hospitalar e farmacêutico) e síndico do Centro Clínico Sudoeste.  sindicoccs@outlook.com

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