Dois bebês caem nos trilhos do trem em Melbourne… faltou Gestão Jurídica!

Dois bebês caem nos trilhos do trem em Melbourne… faltou Gestão Jurídica!

Foi notícia no mundo todo o caso dos bebês que cairam nos trilhos dos trens de uma estação em Melbourne, o primeiro caso ocorreu em outubro de 2009 e o segundo caso em maio, apenas 8 meses depois, felizmente, em ambos os casos os bebês não sofreram nada grave. Mas o que tem a ver esses dois fatos com Gestão Jurídica?

Vamos pensar como GESTORES Jurídicos:

  • Porque ocorreu o primeiro acidente?
  • Quais foram as medidas tomadas pelos gestores do sistema ferroviário local? Qual a orientação do jurídico?
  • Qual foi a estratégia adotada junto à imprensa e a comunidade?
  • Porque ocorreu um segundo acidente?
  • Quais as consequências disso?

Veja o vídeo do primeiro caso:

Apenas 8 meses depois acontece um novo “acidente”:

Bom, agora vamos analisar esse outro vídeo, onde é citada a orientação dada aos cidadãos de Melbourne:

Notem que o representante da prefeitura (em Melbourne o sistema de trens é administrado pela prefeitura – veja mais aqui), ele dá orientações às mães para que tomem mais cuidado com seus bebês, praticamente atribuindo a mãe da crianca que sofreu o acidente a responsabilidade sobre o fato, provavelmente essa transferência de responsabilidade foi recomendada pelo jurídico.

Mas observem a imagem abaixo:

Notaram que há uma marca no piso indicando que a parte posterior do mesmo foi alterada? Será que nessa alteração o piso não ficou inclinado em direção aos trilhos?

Na declaração à imprensa quando ocorreu o primeiro acidente houve recomendação de mais atenção por parte das mães, mas será que foi culpa da mãe da criança? Seria possível evitar o acidente em condições normais de uso do sistema? Afinal ninguém fica todo o tempo “agarrado” ao carrinho e a sugestão de usar as travas de segurança foi um pouco exagerada (veja o primeiro video), concordam?

O quê o departamento jurídico tem a ver com isso?

Explico:

Já que houve o acidente, caberia ao jurídico esclarecer que, caso haja responsabilidade da prefeitura no caso, ela poderia ser processada e ter que arcar com uma indenização, além dos custos do tratamento psicológico da criança e da mãe envolvidos no primeiro acidente, portanto, as causas REAIS deveriam ser exaustivamente pesquisadas e eventuais falhas corrigidas imediatamente.

Como houve um segundo acidente, em condições similares e, desta vez, foi possível ver a velocidade em que o carrinho se desgovernou, é possível também avaliar que há uma GRANDE INCLINAÇÃO na plataforma, um absurdo técnico.

Não sou engenheiro, mas vou pesquisar o tema (isso quer dizer que podemos ter uma continuação deste artigo) e verificar se existe alguma norma internacional ou local para esse tipo de construção que preveja a inclinação recomendada para estas plataformas, certamente há alguma coisa, afirmo isso ao examinar superficialmente a imagem abaixo:

Esta foto é da estação de Roxburgh Park também em Melbourne, inaugurada em 30 de setembro de 2007. Notem que há uma preocupação com os deficientes visuais e com a possibilidade de “rolamento” na borda da plataforma.

A estação onde ocorreram os dois acidentes é obviamente muito mais antiga, mas pelas marcas no chão, passou por uma reforma, provavelmente não foram observadas questões técnicas importantes e isso acaba desaguando onde?

No departamento jurídico! Afinal, agora há indícios muito consistentes que há falha da estrutura, portanto não foi culpa de nenhuma das duas mães, cabendo uma indenização para elas e, em especial para a primeira que certamente foi apontada como irresponsável por muitas pessoas, além do tratamento psicológico das crianças. Vocês notaram o desespero do irmão do segundo bebê?

MORAL DA HISTÓRIA

O departamento jurídico, assim como os advogados consultivos de uma empresa podem e devem ir além do basico necessário, ajudar a empresa a evitar problemas jurídicos, não ficar como um mercenário esperando as catástrofes acontecerem, isso é pensar estatégicamente, isso é, de fato, Assessoria Jurídica Consultiva.

EMPRESÁRIO: Pense nisso quando estiver na sua empresa e receber uma orientação do departamento jurídico (interno ou terceirizado).

ADVOGADO: Pense nisso quando estiver atendendo um cliente.

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Rudinei R. Modezejewski

Consultor em marketing jurídico, empresário (E-Marcas) e gestor da LexPerfecta

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