Setor de mármores e granitos aposta na sustentabilidade

Setor de mármores e granitos aposta na sustentabilidade

O setor de rochas ornamentais no Brasil mantém expectativas positivas para 2024, mesmo diante das incertezas no cenário global. Segundo reportagem publicada pelo Diário do Comércio, com base em dados da Associação Brasileira da Indústria de Rochas Ornamentais (Abirochas), as exportações brasileiras de rochas ornamentais movimentaram US$ 720,8 milhões entre janeiro e julho de 2024, um aumento de 8,5% em valor e 16,2% em volume em relação ao mesmo período de 2023.

O desempenho consolida o segmento como o quinto bem mineral mais exportado pelo país em valor, atrás apenas do minério de ferro, ouro, cobre e nióbio. Os Estados Unidos lideram em faturamento, ao adquirirem produtos beneficiados com maior valor agregado, enquanto a China é o principal destino em volume, especialmente para matéria-prima.

A valorização externa tem intensificado a discussão sobre a sustentabilidade da cadeia produtiva. Segundo estudo da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), entre 25% e 30% do volume dos blocos extraídos se transforma em resíduos durante o corte, o polimento e o acabamento das rochas. Quando descartados de maneira inadequada, esses resíduos podem causar assoreamento de rios, contaminação do solo e outros danos ambientais.

Nesse contexto, cresce o interesse por soluções que favoreçam o reaproveitamento de materiais e o fortalecimento da economia circular. Resíduos de mármore e granito já vêm sendo aplicados em segmentos como cerâmica, cosméticos e construção civil, reduzindo o desperdício e ampliando a vida útil dos materiais extraídos.

No ambiente empresarial, iniciativas privadas também têm sido fundamentais para impulsionar essa transformação. É o caso de Marcos Winicios Martinatto, especialista em mármores e granitos e proprietário da Martinatto Marmoraria, que defende a sustentabilidade como parte indissociável da atuação no mercado.

“Trabalhar com mármore e granito exige consciência. Não basta entregar beleza e funcionalidade; é preciso pensar no que fazemos com os resíduos que geramos. Buscamos sempre aproveitar ao máximo a matéria-prima e destinar adequadamente os restos de corte e polimento”, explica.

Além da preocupação com o descarte consciente, Martinatto aposta em processos que valorizam o uso inteligente dos materiais. A produção de pias esculpidas — feita de maneira artesanal — utiliza blocos e sobras menores de rochas, o que reduz o desperdício e permite que materiais nobres sejam aproveitados em sua totalidade.

Outra característica do trabalho do especialista é a aplicação de mármore em clínicas odontológicas, clínicas estéticas, estúdios e outros espaços comerciais. Ele adapta o projeto arquitetônico para escolher o tipo de rocha mais adequado às exigências de cada ambiente, aliando durabilidade, segurança e estética.

“Ao trabalhar com espaços comerciais, entendemos que cada detalhe importa: a escolha da rocha influencia não apenas no design, mas também na funcionalidade e na manutenção do ambiente a longo prazo”, afirma.

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Rochas Ornamentais (Abirochas), a preocupação com a sustentabilidade é um dos fatores que têm impulsionado a modernização do setor nos últimos anos. Empresas que investem em reaproveitamento de resíduos, uso racional de água e eficiência energética tendem a se destacar em um mercado cada vez mais exigente quanto à responsabilidade socioambiental.

Ao combinar técnicas artesanais de alto nível, gestão eficiente de resíduos e atendimento especializado, Marcos Winicios Martinatto defende que é possível unir tradição e inovação, respeitando o meio ambiente e contribuindo para a evolução sustentável da indústria de mármores e granitos no Brasil.