Formação prática versus acadêmica: o que é preciso para mover o mercado?

Formação prática versus acadêmica: o que é preciso para mover o mercado?

*Por Fabio Louzada, economista, professor e CEO da Eu Me Banco

O Google anunciou o lançamento do programa Google Career Certificates, que integra cursos profissionalizantes que ensinam habilidades fundamentais a profissionais da área de tecnologia. E seis meses, após a conclusão das aulas,  o aluno receberá um certificado de carreira, que de acordo com o Google terá internamente o mesmo peso de um diploma num processo seletivo.

Ao focar no desenvolvimento das habilidades práticas, a iniciativa preenche um vão existente na grade curricular de muitas universidades: o distanciamento entre a formação acadêmica e as demandas exigidas no dia a dia do profissional em diferentes áreas do mercado de trabalho.

Para ilustrar este cenário apresento um recorte do setor de investimentos. Profissionais graduados ou até mesmo com MBA em economia, administração e áreas afins muitas vezes não conseguem avançar na carreira dentro de bancos, cooperativas financeiras e corretoras por não dominarem as competências técnicas necessárias para prestar um atendimento de ponta ao investidor.

Isto é grave e justifica o crescimento de programas de formação como o da Black Bankers, voltado para bancários, da Link School of Business, com foco em empreendedorismo, e os da Eu Me Banco, que forma profissionais de investimentos nos programas Advisor de Alta Performance (PAAP) e de formação de AAI – sigla para agentes autônomos de investimentos.

Os exemplos que citei se tornam mais efetivos na carreira do que as tradicionais graduações acadêmicas porque ensinam em 1/8 do tempo ferramentas que resolvem as dores do mercado, capacitam profissionais que geram valor para investidores e instituições a partir do conhecimento prático avançado.

Aprender com professores que exercem a profissão é outro ponto positivo, já que os mentores transmitem o que é imprescindível para colocar a mão na massa, focam no que é relevante sob a ótica dos recrutadores, contratantes e mercado.  

Fui especialista de investimentos do Bradesco, Itaú, Santander e Citibank, sei como funciona na prática, o que eles valorizam e o que cobram dos profissionais. Meu intuito aqui não é traçar comparativos sobre qual formação é melhor ou pior. Quero promover uma reflexão sobre os investimentos (sobretudo de tempo) necessários para ser bem-sucedido.  

Como bem disse Kent Walker, vice-presidente de assuntos globais do Google, “Diplomas universitários estão fora do alcance de muitos americanos”, e acredito que de muitos brasileiros também. Por que não investir em ensino com propósito, com poder para transformar a vida do profissional e das pessoas por ele impactadas? O futuro e a economia agradecem.