Como seria se os personagens de Stranger Things participassem de uma Avaliação de Desempenho

*Por Marcelo dos Santos

Foto: Divulgação Netflix

Toda e qualquer empresa, independentemente de seu porte, sente a necessidade de avaliar seus colaboradores quanto à capacidade de entrega, performance individual e coletiva etc., e uma das ferramentas que é amplamente usada para esse tipo de análise é a Avaliação de Desempenho (AD). Esse processo também é fundamental para desenvolver as pessoas, fortalecer o autoconhecimento de cada uma delas e coletar informações para tomadas de decisão.

O que muitas companhias ainda têm dúvidas é de como realizar esse processo de maneira assertiva e acabam baseando-se em templates prontos que são encontrados online ou contratam uma consultoria especializada. Entretanto, logo percebem que, para alcançar resultados factíveis, é preciso que o processo esteja alinhado com a cultura e os valores organizacionais e seja feito de forma personalizada que atendam o segmento de negócio da empresa.

Geralmente os formulários de Avaliação de Desempenho contemplam itens relacionados à competência de entrega, ou seja, como o colaborador entrega determinado projeto, interage com a equipe, e eixo comportamental, destinado a medir como a pessoa lida em situações sob pressão, capacidade de lidar com diferentes problemas simultaneamente, iniciativa, entre outros. Normalmente as notas para cada qualificação vão de 1 a 5 e alguns itens que podem ser avaliados são:

  • Trabalho em equipe: Liderança e desenvolvimento de equipe. O colaborador é visto como uma referência pessoal e profissional por membros da sua equipe, mantendo estreito relacionamento entre eles, ajudando na retenção de talentos.
  • Equilíbrio emocional: Capacidade de lidar com a pressão do dia a dia e de manter a calma diante de decisões extremas, tendo uma atitude positiva para sair de situações estressantes ou conflitantes.
  • Flexibilidade e Adaptabilidade: Implementação de soluções criativas para resolver divergências. Capacidade de lidar com diferentes situações simultaneamente, solucionando-as e alcançando os resultados desejados.
  • Orientação a resultados: Coordenação de esforços e maximização de resultados. Executa as atividades visando resultados com alta qualidade.

Uma maneira de tornar esse processo interessante é encontrar em situações do dia a dia referências que podem ser usadas para avaliar atitudes e personalidades. E por que não se basear em personagens da ficção? Usando como referência um dos maiores sucessos da cultura pop, a série Stranger Things, suspense que tem forte inspiração nos anos 80 e estourou nas telas com sua quarta temporada, encontramos uma maneira interessante de exemplificar pontos importantes de um processo de AD, fazendo uma breve avaliação de alguns dos principais personagens, obviamente apenas como uma forma de exercício. E, atenção, alerta de spoiler à vista!

Joyce Byers – Altamente generosa e amigável, não mede esforços para manter seus filhos fora de perigo. Foi a primeira a conseguir se comunicar com Will quando estava desaparecido, demonstrando criatividade ao criar um sistema de comunicação com o filho e foi inteligente o bastante para analisar o cenário e as reações quando precisou ajudar a remover o monstro que se apossou do corpo do menino. Foi irredutível em aceitar ajuda de Nancy e Jonathan, mas todos sabemos que existia um sentimento de proteção por trás dessa decisão. Suas notas seriam:

  • Trabalho em equipe: 3
  • Equilíbrio Emocional: 4
  • Flexibilidade e Adaptabilidade: 5
  • Orientação a resultados: 5

Jim Hopper – Ao longo das primeiras temporadas, o personagem não confiava em seus pares, não dividia informações cruciais e não agia como líder. Porém, com obstinação e intuição, ele focou nos resultados que eram, primeiro encontrar Will Byers e depois proteger Eleven de ser pega pelos ‘criadores’ e supera as expectativas na terceira temporada se sacrificando para salvar a cidade de Hawkins. Seus índices seriam:

  • Trabalho em equipe: 1
  • Equilíbrio Emocional: 5
  • Flexibilidade e Adaptabilidade: 4
  • Orientação a resultados: 5

Eleven – Extremamente eficaz em tudo que se propõe a fazer, foi fundamental para salvar os amigos e Hawkins das maldades do Mundo Invertido em todas as temporadas. O maior problema dela no início era esconder informações das pessoas que só queriam ajudar a solucionar os problemas e, depois por ser ferozmente protetora e cautelosa, ela preferia trabalhar na resolução sozinha, o que demonstra fraca habilidade para trabalho em equipe. Seu equilíbrio emocional também não era dos melhores, uma vez que seus poderes eram desencadeados por episódios de intenso estresse e medo. Mas, com no decorrer das temporadas, ela aprende a se controlar melhor e usá-los de maneira mais direcionada.

  • Trabalho em equipe: 2
  • Equilíbrio Emocional: 3
  • Flexibilidade e Adaptabilidade: 5
  • Orientação a resultados: 5

Dustin Henderson – Amigável ao extremo, se integra muito bem à equipe, a outros personagens que não fazem parte do seu ciclo de amizades e media de forma inteligente os conflitos que surgem durante toda a trama. Além disso, é observador e demonstra criatividade na elaboração de planos para salvar a todos. Com abordagem neutra em situações desconhecidas, falta um pouco de equilíbrio emocional em determinados momentos em que deixou que o desespero tomasse conta dele.

  • Trabalho em equipe: 5
  • Equilíbrio Emocional: 3
  • Flexibilidade e Adaptabilidade: 5
  • Orientação a resultados: 4

Jonathan Byers – No início da série, não podemos dizer que ele trabalhava bem em equipe, pois era isolado e não confiava na própria mãe. No decorrer das temporadas, ele se superou e trabalhou muito bem ao lado de Nancy e depois com Steve para desvendar os mistérios dos acontecimentos em Hawkins. Além disso, demonstrou criatividade para montar uma estratégia para pegar o Demogorgon. Mas, percebe-se que ainda precisa se abrir mais e aumentar sua confiança ao trabalhar em equipe, para obter resultados mais eficazes. Sua avaliação ficaria da seguinte forma:

  • Trabalho em equipe: 3
  • Equilíbrio Emocional: 4
  • Flexibilidade e Adaptabilidade: 4
  • Orientação a resultados: 4

Nancy Wheeler – Logo a personagem se mostra muito eficiente trabalhando em equipe, inclusive exercendo papel de liderança em alguns momentos cruciais e fazendo alianças impensáveis. É forte, corajosa e persistente, não desiste de seus objetivos, mesmo em situações de grande perigo.

  • Trabalho em equipe: 5
  • Equilíbrio Emocional: 5
  • Flexibilidade e Adaptabilidade: 4
  • Orientação a resultados: 3

Pode ser interessante e mais produtivo a aplicação da Avaliação de Desempenho dessa forma. E que venha a próxima temporada para sabermos o quanto cada personagem evoluiu em suas habilidades como profissionais na arte de salvar Hawkins.

Autor: Arquivo Pessoal

*Marcelo dos Santos é sócio-fundador e vice-presidente de Serviços e Pessoas da Iteris.